

Num final de semana desses que passou, final de verão, quase final da temporada de pesca de tilápia nos pesqueiros da região, aproveitando que meu filho veio nos visitar, combinei com ele uma pescaria no domingo num pesqueiro muito engrenadinho que descobrimos no começo do ano.
Domingo de manhã, café tomado, pegamos a tralha de pescaria e fomos matar uns peixes. Chegamos ao pesqueiro, preenchemos a ficha de consumo, ou ficha de entrada como querem alguns, nos instalamos em nosso local preferido, apesar de descoberto há pouco tempo, freqüentávamos com assiduidade esse pesqueiro a ponto de já termos um local preferido.
Organizei a tralha, preparei as varas e lançamos nossos anzóis na água em busca de belas tilápias. Dez minutos, nada! Vinte minutos, nada! Meia hora. Nada! Nem um beliscão.
Não teve jeito, adiantamos nossos relógios e fingimos que já era hora de começar. Começamos! Pedimos uma cerveja gelada (isso tem hora pra começar) e voltamos aos peixes. Mais quinze minutos e nada. Outra cerveja! Mais quinze minutos e nada de peixes, a saída foi pedir mais uma cerveja.
Uma hora de pescaria e nem um puxãozinho pra remédio, foi quando meu filho perguntou:
—Alguém sentiu uma mordida aí?
Risos. Meu e dele, então respondi:
— Ma ninguém falou pá mim que tinha de te paciência pá pescá!
Mais risos. Dele e meu.
Imediatamente nos lembramos do Murilo, a pescaria passou a ter outra graça e a cerveja, que já estava gelada, ficou até doce.
Murilo é meu netinho, afilhado desse meu filho. Tem 4 anos e meio, mas desde pequeninho já nos acompanha nas pescarias sempre que a oportunidade de estarmos juntos aparece.
No inicio do ano quando essa oportunidade se nos apresentou, viemos, eu, meu filho e o Murilo, nesse mesmo pesqueiro e sentamos nesse mesmo lugar em que agora estávamos.
Naquele dia não deu dez minutos e o Murilo estava impaciente, tirava o anzol da água, enfiava a vara na água, isso mesmo, enfiava a ponta da vara na água, tirava de novo, não parava quieto como qualquer criança da sua idade, afinal dessa vez tínhamos ido só nós três, não tinha mais ninguém pra brincar com ele, de repente pra ele a coisa ficou chata, monótona. Naquele dia dei sorte que, entre outros peixes, acabei por pegar um tilápia pequenina, usando a varinha do Murilo, que acabei dando para ele segurar e tirar o peixinho da água.
Adorou! Mas foi pouco para sossegar, não levou dois minutos, lá estava ele: tira a vara da água, enfia a vara na água...
Meu filho, para tentar acalmá-lo e para ensiná-lo sobre o ritual de uma pescaria disse a ele:
— Pra pescar Murilo, tem que ficar quietinho, pro peixe morder a isca. Tem que ter paciência pra pescar.
Parece que surtiu efeito. Imediatamente fez-se silêncio.
Silêncio total. Por exatos cinco segundos. Então escutamos, em tom de lamento:
— Ma ninguém falou pá mim que tinha de te paciência pá pescá!
Não deu pra segurar o riso. Até os outros pescadores, que estavam ao redor e que ouviram todo o dialogo, caíram na risada. O Murilo também, apesar de nem ter idéia da graça que fez.
Meu filho, depois de conseguir conter o riso explicou que ninguém falou pra ele, mas que era assim que funcionava, tinha que ter paciência.
Silêncio novamente.
Por mais cinco segundos...
Até o Murilo ter outra idéia e pra essa não teve remédio:
— Alguém sentiu uma mordida aí? Eu acho que senti uma mordida aqui!
E toca a tirar a vara da água...
Pra essa não teve jeito, o jeito foi rir, pois ele justificativa o tirar a vara da água pelo fato de ter sentido uma mordida, então tirava pra conferir.
Depois da quinta “alguém sentiu uma mordida aí?” acabou a pescaria. Recolhemos a tralha, pagamos a conta e fomos pra casa levar os peixes pra irmãzinha dele, Joana, ver.
Bom... Nesse ultimo domingo, depois desse “alguém sentiu uma mordida aí?” que meu filho falou, também recolhemos a tralha, pagamos a conta e fomos pra casa, só que dessa vez sem levar nenhum peixe, mas fomos durante todo o caminho de volta falando do Murilo, falando das suas tiradas, principalmente dessa do: alguém sentiu uma mordida aí? Eu acho que senti uma mordida aqui!
Essa pescaria com o Murilo foi um daqueles momentos que cabe bem naquele comercial:
Pesca por quilo - R$5,00 por pessoa.
Cerveja – R$3,00 no balcão. R$3,50 na beira do lago.
Peixe – R$8,00 o quilo.
Ter vivenciado essa tirada do Murilo – Não tem preço!
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