Antes de falar da mãe do Nena, deixe-me esclarecer quem é o Nena. O Nena é um irmão tardio que ganhei, demorou pra chegar, mas a demora foi recompensada. Ele é um irmão agregado, é marido da minha prima querida, a mais querida de todas, minha irmãzinha caçula, a quem eu carreguei no colo, mas que por motivos que não interessam mais acabamos por ficar distanciados um do outro por muito, muito tempo.
Tempo demais!
Mas isso já passou e como o tempo que passou não volta mais, não adianta ficar reclamando senão, acabamos por não aproveitar o tempo que temos pela frente, o fato é que quando passou, quando nos reencontramos ela trouxe pra roda, alem de dois filhos maravilhosos, esse meu irmão Nena.
Quando nos reunimos na casa dele pra tomar um café e vez ou outra para saborear um bom vinho, é só história. História com h, verídica, ele jura que tudo que conta aconteceu e damos muita risada.
Uma que não esqueço é a da mãe dele.
A mãe dele, infelizmente não tive o prazer de conhecer, era uma portuguesa daquelas bem bravas, séria, recatada, mas desbocada que só, diz o Nena que ela tinha um vasto repertório de palavrões.
Em contrapartida tinha um coração de ouro, criou trocentos filhos e não satisfeita criou ou ajudou a criar outros tantos filhos agregados. Sua casa podia não ser grande, mas era grande o bastante para abrigar mais um.
Só não tinha muita coberta, pois, o Nena conta que à noite na hora de dormir era uma disputa e tanto por um pedaço de cobertor, com seu irmão gêmeo, com quem dividia a cama e as cobertas. Conta ele que era um tal de um puxar para se cobrir e com isso descobrir o outro, de madrugada ou um ou outro acordava todo entanguido de frio.
Rindo, ele conta que deve ser por isso que ficou com trauma de sentir frio, diz que depois de casado, quando vieram as crianças era uma preocupação só de medo que seus filhos sentissem frio, podia tudo, menos sentir frio.
A gente ri quando ele conta isso e imediatamente lembro-me do meu genro que tem mais dez irmãos e uma irmã, doze filhos os pais deles tiveram. Meu genro brinca que quando chegava à noite do colégio técnico, por volta de onze e meia meia noite, a cozinha estava toda arrumada. Normalmente numa casa com um batalhão desses pra comer a essa hora não tinha mais nada pra comer. Ele chegava e às vezes falava pra mãe dele que estava com fome. Diz ele, não sei se é verdade afinal cada vez que conta fala rindo, mas diz que a mãe falava: -- Dorme que você esquece!
Mas vamos deixar os traumas do Nena e do meu genro pra la, vamos voltar à mãe do Nena, pois começo a notar que estou me especializando em começar num assunto e de repente destranbelho a falar de outro, passo pra outro... Não sei se é a idade chegando ou o prazer em relembrar bons momentos vividos.
Pois é! A mãe do Nena...
Conta ele que certa noite estavam todos à mesa para o jantar, creio eu que era época de frio, pois o prato do dia era sopa, ou melhor, o prato da noite era sopa. Os irmãos, quase todos, à mesa e a mãe dele também. Ela tinha o costume de andar com um pano de prato jogado sobre o ombro e sentava-se à mesa desse jeito.
Pois bem! Todos compenetrados no jantar quando de repente um casal de mosquitos pousa na beirada da terrina de sopa, um sobe nas costas do outro e começam a fazer “aquilo”, vocês sabem o quê.
Ouve-se um Uaaapt!
Não deu nem tempo de todos erguerem os olhos pra ver o que estava acontecendo, foi sopa que voou pra todo lado e lá estava a mãe do Nena com o pano de prato na mão decretando:
-- Vão fazer sem-vergonhice noutro lugar seus filhas das p...
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Um comentário:
Saudades primo querido dessas nossas conversas maravilhosas.
Com certeza temos muitas histórias boas para nos fazer rir.
Bjsssss
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